04 abril, 2007

Êxito – No âmbito das comemorações da semana internacional do teatro, o Clube do Avô impulsionado pela Câmara Municipal de Albufeira, apresentou-nos no seu auditório, no passado dia 29 a peça «O Voo das Gaivotas». Este espectáculo foi o culminar de 3 meses de trabalho, com apenas 2 ensaios semanais, proporcionando-nos um projecto teatral particularmente conseguido. Encenado pela brasileira Meire Gomes, com cenário e figurinos da sua autoria, é impossível não lhe reconhecermos o grande mérito de saber fazer realçar as capacidades interpretativas de um colectivo, dominado pelo feminino. Através das palavras, do movimento, da dança, do humor subtil, e até de um momento de fado, o desempenho foi muito positivo. Parabéns à Meire em 1º lugar, por esta excelente proposta, ao elenco que se empenhou, e por último à Câmara Municipal, pela boa aposta numa actividade, que resultou numa performance que se pretende que num futuro próximo vá apaixonar muitos mais.

Repleto – De pé, sentados, agachados, uns por cima dos outros, foi este o ambiente irrespirável da noite de dia 30 no Auditório Municipal, que nos presenteou com o espectáculo «Quatro Cantos», interpretado pelos fadistas Maria Armanda, Teresa Tapadas, José da Câmara, e António Pinto Basto. Uma quebra de tensão acabou por retirar mais cedo de cena Teresa Tapadas, mas no geral o sarau foi animado pela evocação dos grandes temas de fados mais antigos, protagonizados por Marceneiro, Amália, Hermínia Silva, António Mourão, e Carlos do Carmo entre outros. Além dos fados revisteiros de José Viana e Anita Guerreiro por exemplo, enaltecidos por um aparato tecnológico de luz de diversas cores, e um ecrã que à semelhança de karaoke aproximou o publico dos artistas, com aquelas estrofes mais populares, que todos sem excepção sempre gostamos de cantarolar, ao mesmo tempo que batemos o pé. No final, o Presidente botou discurso, e anunciou Dulce Pontes para o 10 de Junho. Vou já perfilar-me, e encostada, bem sentada, refastelada, a fazer o pino, ou de qualquer jeito, é como se já lá estivesse para me deliciar, e claro está vos relatar tudo!

Pesadelo – Se um elefante incomoda muita gente, ele incomoda muito mais. Neste clima de incertezas haverá quem gostasse de o ressuscitar? Ou quem lhe depositasse toda uma confiança perdida? Andará o povo anestesiado, e sem memória? Ou apenas ansioso por alguma nostalgia? Afinal, entre o sonho e as realizações, há sempre lugar para um certo saudosismo lusitano, que nos é tão característico. O que vale, é que tudo não passou dum concurso televisivo, onde num universo de 10 milhões, uma minoria activista se mobilizou, e votou de forma organizada contestatariamente. Nunca poderemos mudar o passado, mas podemos e devemos melhorar o futuro. Reflictamos, de uma vez por todas ajustemos contas com a História, mas não dramatizemos o que não é sustentável. Cá para mim quem ganhou foi a RTP com as chamadas de valor acrescentado!

Quinto poder – A inclusão dos blogs no nosso dia a dia veio certamente alterar-nos os hábitos, e a nossa forma de estar! Se por um lado nos exigem uma grande disciplina para os actualizarmos, por outro eles tornam-se na melhor forma de nos intrometermos em qualquer parte, no nosso próprio timing, como se de um novo estrondo se tratasse. Os blogs surgem-nos como uma nova ligação entre as experiências adquiridas, a troca de ideias, a escrita, e a imagem móvel. Polémicos, espontâneos, ousados, e caóticos até, resumem-se a todo um vaivém compulsivo de uma série de fragmentos, que se espalham pelo mundo fora no imediato. A sua leitura em diagonal, ou em zapping transfigura por completo o campo tradicional. E uma coisa é certa, os jornais de outrora já eram, porque com as novas disposições somos impelidos a outra dimensão, e a outra forma de comunicar, mais divertida, e com muito mais velocidade. A realidade é que esta capacidade de virtualizarmos o mundo nos leva aos blogs pessoais, com um interesse relativo, ou talvez não, ou a outros de carácter mais generalista, como é o nosso. Se tal como eu, sente este irresistível apelo de nos mostrar o seu outro lado, não se deixe remeter quinzenalmente a um mero «cantinho», na maior parte das vezes bastante patético até. Opte por o fazer aqui e agora, ou quando mais lhe apetecer, partilhando as suas opiniões em http://www.uatialbufeira.blogspot.com/ – o espaço transformado no prolongamento das suas conversas, cujas regras são ditadas pelo seu próprio bom senso, e sem reprovações de terceiros.

Teresa Nesler

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